da conversa de ontem...
maternidade é o momento que tudo muda... tudo! Momento de entrega total ao outro [desenvolvimento da compaixão, altruísmo, empatia] nem comer o que eu tanto gostava.
rito de passagem visceral, inegável ao tão concreto corpo, porém sutil, indescritível em palavras...
Momento do caminho do meio onde o sutil é tão presente, tão forte, tantas emoções, sentimentos, entendimentos... e, ao mesmo tempo, o corpo tão presente... profundas transformações internas e externas.
Como negar? E, sabemos que tudo muda! Horários de sono, gosto por comidas, medos... os vínculos kármicos da árvore genealógico... o espelho que se reflete na criança. Sem dúvida, um caminho de desenvolvimento concreto se abre com a travessia desse portal.
e assim morremos como 'donzelas' e nascemos como mulher - mãe, vivendo os arquétipos do feminino... nesse lugar onde os espiritualistas falam da iluminação... com amor incondicional, compaixão, empatia.
É momento que o homem assume o arquétipo do REI, seu poder pessoal tem que aparecer para 'proteger a cria' e, a mulher que se retira da sociedade para cuidar do bebê, que exige atenção 24hrs, e para que isso aconteça em harmonia dentro dele é necessário que ele tenha trilhado o arquétipo do GUERREIRO, ou seja, já saiba o que ele quer, que saiba quem ele é, já tenha conquistado seu lugar [dentro de si].
Somente sabendo o que se quer, somente depois de ter certas conquistas de si ele poderá entender o que a criança quer/precisa, e o que a sua mulher quer/precisa, é desse lugar dentro de si que ele poderá suprir as pessoas do seu reinado.
Claro que nesse momento aparecem aquelas informações gravadas no nosso inconsciente da nossa memória mais remota dessa vida, os ensinamentos da primeiríssima infância. Aqui nem tínhamos muita consciência e, fomos aprendendo com nossa mãe como é ser mãe, com o nosso pai como é ser pai [e, como éramos pequenos demais para termos consciência se era o que queríamos, nós simplesmente aprendemos] e, acabamos por repetir até aquilo que hoje achamos que não é legal, que não nos serve mais... quantas vezes com o meu mais velho me vi assim, reagindo como minha mãe, inclusive daquele jeito que me falava que nunca iria fazer.
Ah! Como era forte... quando via já tinha falado/agido.
O que fazer para arrumar? Ser sincera... parar, olhar no olho dele e pedir desculpa, e, explicar que agi sem pensar... até o momento que conseguia respirar e, no meio do vendaval karmico de alguma re-ação saía, para não agir no impulso dos meus karmas, tentando romper com essa ação gravada em mim tão profundamente.
Hoje, nessa gestação, um pouco mais consciente venho tentando me manter sincera. Sentindo meus medos e inseguranças e, conversando com ela explicando o que se passa, para tentar minimizar os traumas intra-uterinos...
Tentando deixar o controle do onde vai nascer? Quando vai nascer? Está tudo pronto? Ai que demora... ai que medo quando nascer... o que vai ser a partir daí ... estou pronta para as mudanças... melhor ter a criança dentro ou fora da barriga...
entregar, confiar ... e, ao mesmo tempo saber que sou a âncora material desse ser que está chegando no mundo.
Ser âncora deixando de minhas âncoras de lado... ser matéria deixando o sutil me comandar... ser mãe resgatando minha infância [e minha criança]
É... caminho do meio!