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imagem de Raymond Douillet |
Eis que chegamos no 9 ... fim de
um ciclo! Quantos aprendizados nessa jornada! feminino, masculino,
inconsciente, religiosidade, movimento, escolhas, valores... é assim. Quando
colhemos o que plantamos [justiça] sabemos que esse ciclo se encerra e, por
isso, aqui no Eremita nos recolhemos para fazermos nosso balanço pessoal,
reconhecendo as sabedorias dessa caminhada.
Esse momento mais quietinho, de
pensarmos com nossos botões é quando realmente aprendemos. Sabe aquele momento
que colocamos a cabeça no travesseiro para avaliarmos o dia, se cumprimos o que
nos propomos fazer, se estamos tristes com essas escolhas ou felizes entender o
porque... somente essa reflexão pode nos trazer ensinamentos que não estão em
livros, isso é sabedoria. Assim é o Eremita... e, esses dias de chuva são bem
propícios para isso (apesar e estarmos no verão), o tempo conspirando para
nossa jornada de auto-conhecimento!
Na mitologia, Cronos, o senhor do
tempo representa esse arquétipo. Ele é conhecedor do tempo, nos trazendo a
reflexão que muitas coisas só são entendidas com o tempo, com a maturidade, por
isso nos pede paciência e geralmente é representado por um ancião barbudo, nos
mostrando que a temida velhice chega, que precisamos entender o morrer de cada
ciclo para deixar o novo ciclo nascer.
Cronos é filho de Urano e Gaia.
Ele mata seu pai para salvar seus irmãos e, o destino faz o mesmo com ele... é
morto por seu filho Zeus, que também faz isso para salvar seus irmão,
aprisionados por Cronos que teme a concretização da profecia que seria
destronado por um de seus herdeiros. Nos mostrando o movimento cíclico da
vida... e dos elos karmicos que somente a sabedoria interior pode nos libertar.
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Marselha e Waite |
O Eremita caminha só, entendendo
o silêncio de antes da criação, buscando a sua própria lâmpada, sua luz interior.
Diferente do Papa que possui sua religiosidade, seu livro sagrado, seus
conceitos, aqui falamos de um ser comum, isto é, iluminação possível à todos os
seres. Falamos de um ser que olha para si e por isso não está atrás de nenhum
Papa ou guru ou mestre, porque sabe que a jornada de iluminação é solitária,
pessoal e intransferível. Aqui a cultura de massa já não o satisfaz mais.
Por isso quando vejo um mestre
com muitos seguidores me pergunto se ele realmente é um mestre, se ele
realmente transmite ensinamentos que nos libertam ou se é mais um arrebatador
de ovelhas, transmitindo conhecimentos aprisionadores... será que um verdadeiro
mestre teria muitos seguidores ou os ensinariam a caminhar por si, ensinando-os
a seres seus próprios mestres?
O Eremita pode nos trazer um
momento de retiro, de se afastar da sociedade, mas acima disso, significa estar
alheio à primitiva inconsciência das massas, rompendo com as amarras
aprisionadoras do inconsciente coletivo. Quando se alcança esse lugar, não é
necessário o isolamento físico. Saber caminhar na matrix sem se prender à ela é
uma verdadeira arte de mestre! Tenho um mestre budista que promove seus retiros
na Av. Paulista, no horário de rush... fazendo com que enfrentemos o metro
lotado para aplicarmos os conhecimentos de compaixão e paz interior de uma
forma muito mais intensa do que se estivéssemos no interior, em meio à
natureza. É muito fácil ser luz onde está iluminado.
Quem se iluminou precisa caminhar
onde está escuro, levando sua lanterna iluminada, não para servir de guia, mas
para aprofundar dentro de si suas verdades, ensinando através de seu exemplo.
O conto que nos remete à esses
ensinamentos é Branca de Neve. Momento que os ensinamentos da terrenos se
esgotam [anões/gnomos que não a conseguem acordar] e seguimos rumo à iniciação
final. Ela, aparentemente morta colocada num caixão de vidro, permitindo que a
luz que atravessa a floresta possa iluminar seu corpo, o coração e a alma. Momento
que Branca de Neve deixa de ser menina, momento em que as lições de humildade
apreendidas ao limpar, cozinhar, cuidar dos anões/gnomos já podem ser transcendidas
rumo à vida de mulher... agora, após muitos aprendizados na floresta do
inconsciente ela pode voltar ao convívio humano, sem se perder de quem é.
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Tarot Metamorphosis |
Boa semana! Cheia de sabedoria!
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