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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Tarot 0 - LOUCO



E o LOUCO chega assim meio atrasado, afinal ele é atemporal, não está preso à ordem alguma. Não podemos dizer que é o primeiro ou o último e, por isso muitas vezes é representado pelo número 0, sendo como o coringa do baralho, servindo para substituir uma carta perdida, ele transcendo os padrões implantados e demais convenções sociais.
Nos contos, é Chapeuzinho Vermelho, a criança espiritual em viagem pela estrada iluminada, enviada pela Mãe Terra para encontrar a Avó Sabedoria Universal. Porém, no caminho é tentada pelas fantasias da vida e precisa aprender com os erros e fracassos de suas escolhas, até que esteja pronta para renascer com a ajuda do lenhador, a humanidade, que libera a alma individual e permite-lhe juntar-se à hierarquia espiritual do planeta.
Esse arcano chega para compreendermos os paradoxos das verdades inquestionáveis, por isso não podemos coloca-lo só no início da jornada, uma vez que é a criança espiritual, dotada de todo conhecimento... mas também não podemos coloca-la no final porque ainda é ingênua e se sente atraída pelas fantasias do mundano. É o bobo da corte, o palhaço que diverte os sãos com suas brincadeiras bobas e, ao mesmo tempo é  o sábio que pode transcender sua tristeza gerando alegria.
Dizem que o bobo da corte era o grande conhecedor de todos os segredos da corte, uma vez que era subjulgado ‘bobo’ ninguém tomava cuidado com sua presença ao discutir assuntos secretos e, por isso era ‘sábio’, porém, por ser considerado ‘bobo’ ninguém dava créditos às suas sabedorias.
Como 0, o círculo perfeito, nos remete ao centro de nós mesmos, mesmo que ele não apareça no desenho, sabemos que o centro está lá, o círculo perfeito é o lugar onde todos os pontos da linha estão equidistantes do centro, nos deixando numa posição de igualdade terrena, de harmonia plena. Porém, o círculo limita um espaço, como a jornada que caminhamos. Quando eu vivo um momento imperatriz, sei que logo em seguida viverei um momento imperador, que seguirá com o papa e assim por diante, servindo como um norte da minha caminhada, mas também como uma amarra. E, se finalizamos uma jornada, como o Oroboros, sabemos que um novo início nos aguarda.
O LOUCO não é início de jornada, nem fim. Ele é aquele lugar onde após sentirmos que chegamos, que conquistamos algo, ficamos sem saber para onde ir / o que fazer. O Grande Vazio... portanto, ele não faz parte da jornada e por isso pode ser a chave para transcender a prisão do Oroboros e, deixarmos de girar esse círculo vicioso.
Cair no Grande Vazio é entender que nada existe, nem os arcanos do taro, nem nenhum arquétipo... nem eu e nem você, nem jornada espiritual. Tudo é um grande jogo, uma grande ilusão de separatividade. Cair no Grande Vazio é romper com a Matrix aprisionadora.
Aqui podemos escolher se libertar desses padrões [arquétipos] criados e alimentados por séculos pelo inconsciente coletivo ou continuamos presos neles seguindo a próxima volta na espiral retomando esse novo ciclo no MAGO.
Bom, continuar e girar mais uma volta na jornada dos arcanos a gente já sabe como é, talvez vivenciaremos mais forte um aspecto X de um arcano, talvez outro nos seja tão familiar que nem sentimos. Agora, romper com o ciclo karmico e adentrar o Grande Vazio nos trará uma nova realidade, um re-significar de tudo, uma vez que tudo perde significado. E, talvez, nesse ponto, atingir o que os budistas chamam de corpo de arco-íris e deixar essa dimensão 3D.
Por isso nos dizem que o melhor da jornada espiritual não é chegar e sim curtir o caminho. Estudamos muito para descobrir que nada somos.
Meu conselho? Não se demore no Grande Vazio... se puder, não entre nele. Depois de conhecido a sensação de PAZ profunda, todas as coisas/ações perdem sentido e, retomar a caminhada no mundo de matéria não é fácil.
Eu não atingi o corpo de arco-íris, cheguei no Grande Vazio e fiquei com medo... brava por compreender que não existe um Grande Espírito, não existe um Grande Plano, o Sonho Sagrado ... Eu que havia dedicado minha existência para manifestar o Sonho Sagrado aqui na Terra, um misto de desilusão e de liberdade de não ter que cumprir com um papel. Uma paz profunda por não ter que girar mais a roda kármica porque ela não existe, junto com uma desorientação de não saber qual o próximo passo.
De repente o caminho que trilhava desaparecia na minha frente... leve por não ter mais a obrigação de trilhá-lo, podia contemplar as lindas cores do céu, dos pássaros, as flores, podia correr ou parar ... mas agora, que sentido teria em correr? Ou parar?
Que sentido faria continuar estudando e divulgando os arquétipos se eu acreditava no caminho libertário, se eu queria ser livre porque continuar empodeirando a mente coletiva? Não seria hipocrisia minha continuar os atendimentos para conduzir para uma vida mais livre se havia entendido a prisão que nos colocamos com essas verdades absolutas seja dos arquétipos, do tarot, do 2 depois do 1...
Minhas pazes com o tarot se fez depois de uns 2 ou 3 anos. Entendendo que assim como foi para mim um importante aliado para entender o Grande Vazio, poderia ser para muitos outros.
Afinal, como diz Jamie Sams, depois do Grande Vazio, o mais difícil é retomar o caminho...
Portanto, seguimos!

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