E o LOUCO chega assim meio
atrasado, afinal ele é atemporal, não está preso à ordem alguma. Não podemos
dizer que é o primeiro ou o último e, por isso muitas vezes é representado pelo
número 0, sendo como o coringa do baralho, servindo para substituir uma carta
perdida, ele transcendo os padrões implantados e demais convenções sociais.
Nos contos, é Chapeuzinho
Vermelho, a criança espiritual em viagem pela estrada iluminada, enviada pela
Mãe Terra para encontrar a Avó Sabedoria Universal. Porém, no caminho é tentada
pelas fantasias da vida e precisa aprender com os erros e fracassos de suas
escolhas, até que esteja pronta para renascer com a ajuda do lenhador, a
humanidade, que libera a alma individual e permite-lhe juntar-se à hierarquia
espiritual do planeta.

Dizem que o bobo da corte era o
grande conhecedor de todos os segredos da corte, uma vez que era subjulgado ‘bobo’
ninguém tomava cuidado com sua presença ao discutir assuntos secretos e, por
isso era ‘sábio’, porém, por ser considerado ‘bobo’ ninguém dava créditos às
suas sabedorias.
Como 0, o círculo perfeito, nos
remete ao centro de nós mesmos, mesmo que ele não apareça no desenho, sabemos
que o centro está lá, o círculo perfeito é o lugar onde todos os pontos da
linha estão equidistantes do centro, nos deixando numa posição de igualdade
terrena, de harmonia plena. Porém, o círculo limita um espaço, como a jornada
que caminhamos. Quando eu vivo um momento imperatriz, sei que logo em seguida
viverei um momento imperador, que seguirá com o papa e assim por diante,
servindo como um norte da minha caminhada, mas também como uma amarra. E, se
finalizamos uma jornada, como o Oroboros, sabemos que um novo início nos
aguarda.
O LOUCO não é início de jornada,
nem fim. Ele é aquele lugar onde após sentirmos que chegamos, que conquistamos
algo, ficamos sem saber para onde ir / o que fazer. O Grande Vazio... portanto,
ele não faz parte da jornada e por isso pode ser a chave para transcender a
prisão do Oroboros e, deixarmos de girar esse círculo vicioso.
Cair no Grande Vazio é entender
que nada existe, nem os arcanos do taro, nem nenhum arquétipo... nem eu e nem
você, nem jornada espiritual. Tudo é um grande jogo, uma grande ilusão de
separatividade. Cair no Grande Vazio é romper com a Matrix aprisionadora.
Aqui podemos escolher se libertar
desses padrões [arquétipos] criados e alimentados por séculos pelo inconsciente
coletivo ou continuamos presos neles seguindo a próxima volta na espiral retomando
esse novo ciclo no MAGO.
Bom, continuar e girar mais uma
volta na jornada dos arcanos a gente já sabe como é, talvez vivenciaremos mais
forte um aspecto X de um arcano, talvez outro nos seja tão familiar que nem
sentimos. Agora, romper com o ciclo karmico e adentrar o Grande Vazio nos trará
uma nova realidade, um re-significar de tudo, uma vez que tudo perde significado.
E, talvez, nesse ponto, atingir o que os budistas chamam de corpo de arco-íris
e deixar essa dimensão 3D.
Por isso nos dizem que o melhor
da jornada espiritual não é chegar e sim curtir o caminho. Estudamos muito para
descobrir que nada somos.
Meu conselho? Não se demore no
Grande Vazio... se puder, não entre nele. Depois de conhecido a sensação de PAZ
profunda, todas as coisas/ações perdem sentido e, retomar a caminhada no mundo
de matéria não é fácil.
Eu não atingi o corpo de
arco-íris, cheguei no Grande Vazio e fiquei com medo... brava por compreender
que não existe um Grande Espírito, não existe um Grande Plano, o Sonho Sagrado
... Eu que havia dedicado minha existência para manifestar o Sonho Sagrado aqui
na Terra, um misto de desilusão e de liberdade de não ter que cumprir com um
papel. Uma paz profunda por não ter que girar mais a roda kármica porque ela
não existe, junto com uma desorientação de não saber qual o próximo passo.
De repente o caminho que trilhava
desaparecia na minha frente... leve por não ter mais a obrigação de trilhá-lo,
podia contemplar as lindas cores do céu, dos pássaros, as flores, podia correr
ou parar ... mas agora, que sentido teria em correr? Ou parar?
Que sentido faria continuar
estudando e divulgando os arquétipos se eu acreditava no caminho libertário, se
eu queria ser livre porque continuar empodeirando a mente coletiva? Não seria hipocrisia
minha continuar os atendimentos para conduzir para uma vida mais livre se havia
entendido a prisão que nos colocamos com essas verdades absolutas seja dos
arquétipos, do tarot, do 2 depois do 1...
Minhas pazes com o tarot se fez
depois de uns 2 ou 3 anos. Entendendo que assim como foi para mim um importante
aliado para entender o Grande Vazio, poderia ser para muitos outros.
Afinal, como diz Jamie Sams,
depois do Grande Vazio, o mais difícil é retomar o caminho...
Portanto, seguimos!
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