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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Tarot 15 - DIABO



E para termos certeza da harmonia conquistada na temperança surge a tentação, o DIABO. Essa semana conversava sobre isso com amigos, como o ego pode deturbar os caminhos sagrados. Me lembrei de uma amiga que critica as diversas yogas que surgiram agora aqui no Brasil [porque não são da Índia], ou o consumo excessivo da ayahuasca.
Marselha Deck
Dentre muitas coisas, observar que encarar o ego faz parte do caminho espiritual e que os muitos ditos mestres são apenas caminhantes como todos nós e que assim como eu adentrei o caminho espiritual e, “subi na tampinha de garrafa” me achando conhecedora de algo e, “caí de nariz no chão” [como dizia Tania Gori em nossos estudos de tarot] e me foi muito útil o aprendizado, para fortalecer o que sei e o que sou, tudo isso pode ser parte do Grande Plano para um aprofundamento do caminho pessoal dos outros.
Afinal se Deus criou o fruto “do bem e do mal”, se Deus é onipresente [está presente em tudo], logo, ele também está presente na sombra [Lúcifer, ou Satanás]. Está presente no mal e, o criou como parte do plano para nossa caminhada. Eis o nosso DIABO, nossa sombra, nosso ego ... e se o negamos fica mais difícil trabalharmos rumo à luz da iluminação. Gosto da imagem que somente quando nos iluminamos, quando ascendemos a luz, é que vemos as sombras, enquanto caminhamos  no escuro não reconhecemos a sombra. Por isso o Diabo está numa estrutura acima das outras criaturas.
Aqui teremos força para experienciarmos a sabedoria do caminho do meio. Após um anjo [temperança] agora caímos de vez na matéria com o diabo, e, agora como anjos caídos, ou seja, os anjos que decidiram sair do céu e vir para uma experiência terrena, agora teremos o conhecimento da totalidade. E, assim, podemos voltar para o todo, ou era esse o plano... E por isso por termos novamente essa dualidade, e, claro, uma escolha a fazer, nos lembramos do ENAMORADOS [15 = 1+5 =6], porém, agora não somos mais vítimas do destino, agora podemos ter consciência que só há um assinado se houver um assassino, só há um controlador se houver um controlado e portanto podemos escolher sairmos do papel da vítima e agir na corda bamba da ética e moral.
Metamorphosis Deck
Sair do papel da vítima nos coloca como não só o ator principal de nossas vidas, mas como o diretor, o roteirista, o figurinista etc... fazemos nossas escolhas, ou seja, da famosa frase das crianças que questionamos quando brigam “mas foi o outro quem começou” nos remete á essa reflexão e, podemos ver o quanto o papel de vítima pode ser destrutivo e, quem sabe numa estância mais ampla, gerar as guerras... e por isso Lúcifer ou Satanás seja mais cultuado que Deus, afinal, ele quem carrega o fardo de nos tentar em nossos erros... “não nos deixeis cair em tentação”, que, se não estivermos rezando para Satanás, estaremos conversando com a parte sombria de Deus.
Nos mitos esse arcanos relaciona-se à Pan, ou Baal, o deus primitivo, à natureza animal, à nossa parte não-civilizada e por isso tem relação com o que consideramos vergonhoso e inferior, ou seja, assim como a figura no tarot de Marselha mostra o diabo com chifres, asas de morcego, garras de aves, seis e falo, representando todas as partes de nossa personalidade que formam essa figura bizarra, nos remetendo ao nosso reflexo bizarro quando juntamos todas as nossas certezas e, claro, nossos paradoxos.
Porém seria muito fácil resistirmos à tentação se ela se apresentasse assim, bizarra, feia, amedrontadora. A expressão despreocupada dos 2 seres aprisionados pela nossa sombra nos deixa claro que não estamos incomodados e que o DIABO se apresenta de forma sedutora à nós e por isso nos enfeitiçamos e nos deixamos encantar... nos livrarmos do que não queremos é fácil, o problema é quando gostamos da nossa prisão e, achamos que sem ela morreríamos.
Por isso aqui nos defrontamos com nossos medos, com nossa não-civilidade, com nossas guerras [interiores e exteriores], com nossa humanidade ... ou seja, aqui nos vemos imperfeitos. Porque “perfeito somente Deus” e, no mundo material não temos perfeição. Afinal, será que Deus [o cosmos, Grande Espírito, ou qualquer outra fonte suprema de sabedoria] construiria a noite se o dia fosse perfeito? Ou o verão se a primavera fosse perfeita? Como virginiana e buscadora da perfeição [o que já me colocou em muitos conflitos internos e externos] me traz verdadeiro alento é ver que aqui no planetinha azul vivemos em HARMONIA, que nada mais é do que a dança das imperfeições. Quando dançamos nossas imperfeições é que podemos experienciar o que é viver em harmonia consigo mesmo e com o Cosmos.
Que possamos entender nossa escolha de sermos anjos caídos e aproveitar essa jornada no planetinha azul, ficando a maior quantidade de tempo possível na harmonia!

Boa semana!

[Ah! Para quem está com problemas no mundo da matéria – casa, dinheiro, carro, emagrecer -  conversa com o DIABO, ele é quem reina nesse mundo, ele é quem tem as chaves para vivermos em harmonia aqui ... somente reflita se está colocando mais uma barra na sua cela ou se está retirando-a]

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Tarot 14 - TEMPERANÇA


Marselha Deck

Ciclos foram encerrados, transformações ocorreram e agora para ligar o velho e o novo chega a TEMPERANÇA. Ela segura 2 jarros na mão e verte água de um para o outro, simbolizando essa ligação entre os mundos (invisível e visível ; bem e mal; céu e terra), sendo assim, o anjo da TEMPERANÇA é a ponte. Se pensarmos nos números, o 14 é (1+4) um 5, ou seja, o PAPA, que também era uma ponte entre mundos, porém, agora, não se faz necessário as escrituras, as leis, o trono, o chapéu ou qualquer outro artifício externo ... agora temos um anjo, uma ligação direta.
Na mitologia esse arcano é representado por Íris, a deusa arco-íris, que é mensageira de Hera, trazendo as mensagens dos deuses para os mortais. Íris tem a permissão de andar entre os humanos, seja nos sonhos ou na forma de uma mortal. Talvez seja por isso que adoramos olhar o misterioso arco-íris que aparece no céu, ligando a chuva ao sol [água e fogo], e, talvez seja essa a simbologia do pote de ouro no final
Metamorphosis Deck
do arco-íris... o momento que conseguirmos misturar água e fogo em harmonia, sem perder a essência deles e ao mesmo tempo torna-los um só descobriremos o tão cobiçado pote de ouro!
O anjo da TEMPERANÇA vem nos ajudar nos processos de morte, é o anjo da guarda que vem nos proteger de nós mesmos quando nos colocamos em apuros, e, por isso é associada à nossa alma. Às vezes as transformações são tão profundas que precisamos para um pouquinho e respirar, lembrar quem somos e o que viemos fazer aqui no planetinha azul, entrar em contato com nossa alma, nossa essência... afinal, se morremos nosso ego, nossas crenças, os padrões sociais embutidos na gente, o que sobre é nossa essência. E, só isso basta para sermos felizes!
Eu, particularmente sempre tive receio de viver esse arcano. Sempre que eu chegava num momento
Kelava Deck
“temperança”, apesar de curtir a calmaria pós tempestade, aproveitar para respirar, já me batia o medo da próxima etapa ... o diabo, e as tentações do mundo material. Não que eu me pré-ocupe ou que eu tenha como padrão sofrer por antecipação mas porque sabemos que não podemos ficar na ponte [na temperança] temos que seguir a jornada. A ponte é somente parte do caminho.
Aqui podemos pensar no equilíbrio do feminino e masculino devido às cores dos cântaros. Como estudante do sagrado feminino e do sagrado masculino sei que em essência somos a mesma coisa, a mesma água que percorre os dois cântaros. Que, por mais que pareça que os homens são de marte e as mulheres de vênus [e, claro, vemos o mundo de forma diferente], o que as mulheres querem é o que os homens querem oferecer, e, o que os homens precisam é o que as mulheres sabem fazer sem a menor dificuldade, mas que na hora de executar as funções e cair no mundo prático discordamos, brigamos, nos decepcionamos ... daí cabe a
TEMPERANÇA, esse anjinho que aparece para equilibrar os opostos, como um arbitro desse jogo. Às vezes esse anjo chega através das minhas ações, às vezes chega em meu companheiro, e assim vivemos essa dança, como a água que verte de um cântaro para o outro e do outro para o um.
E esse momento de equilíbrio entre opostos é um bálsamos para as profundas transformações que tivemos na morte, que serão testadas adiante. Agora, o que nos cabe é aproveitar esse caminho do meio. Vivê-lo com toda a intensidade de nossa alma, saborear cada gotinha contida nesses cântaros adquirindo sabedoria para seguir a jornada do louco.
Bom caminho do meio!
Que saibamos percorrer o arco-íris! O pote de ouro está logo ali!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Tarot 13 - Morte



E diz a lenda que quando ela bate à porta não tem negociação, quando A MORTE chega, não adianta fingirmos que não ouvimos seu chamado, não adianta trancar a porta, dizer que não está... quando chega o momento, chega! O que nos cabe decidir é resistir à morte e sofrer ao se agarrar ao ciclo que já encerrou ou se entregar, deixar fluir e deixar morrer o que não nos cabe mais.
 Numa das minhas peregrinações vi o véu ou a sombra da foice da morte, e, claro, num primeiro momento me assustei, pensava no meu filho e como ele ficaria sem a mãe, pensava nas pessoas queridas, nos sonhos ainda não sonhados, nos planos ainda não traçados, na dor que poderia sentir, no medo do que fazer se morrer. Quando me entreguei, esperando a morte (até pensava em como seria dada a notícia para minha família, como retirariam meu corpo do alto da montanha) meu coração desapertou... meu medo dissipou e, tudo ficou leve. E, à partir desse dia, muitos dos meus medos se foram, muita sede de viver brotou em mim, a força para viver certos “impossíveis” passei a encontrar em meu ser, “enquanto não pudermos confiar-nos à morte não poderemos, na verdade, confiar-nos à vida” Sallie Nichols.
Em muitas culturas primitivas existia um rito de passagem que nos levava à conversar com a morte, isso porque sempre nos traz muitas transformações. E, a vida é recheada de mortes... afinal, morremos como bebês para virar crianças, morremos como crianças para virar adolescentes, morremos como adolescentes para entrarmos na vida adulta, afinal, não morremos o mesmos que nascemos [ufa! Ainda bem!], mudamos, evoluímos, no mínimo aprendemos! Assim é a MORTE, ela vem e nos transforma.
É o momento que acoplamos, que digerimos a ‘nova visão’ adquirida no enforcado e, não precisamos mais ficar pendurados de ponta cabeça. Que aceitamos a guinada que nossa vida tomou e, mudamos com ela. Assim como nenhum por do sol é igual ao outro, nenhum dos nossos dias é igual ao anterior.
No oriente essa figura é muito cultuada, SHIVA. Enquanto Brahma cria, Vishnu mantém, Shiva destrói... assim é a ordem natural das coisas. Então, “quando uma porta se fecha, uma janela de abre”, quando um ciclo se encerra, outro será iniciado. Cabe a nós escolher se abrir para o novo ou continuar querendo ficar pendurado pelo pé olhando as mudanças que acontecem à nossa volta. Hoje, ao sentar para escrever um beija-flor entrou em casa pela janela que eu estava sentada, me mostrando que morrer pode ser leve, mudar pode nos trazer diferentes néctar de diferentes flores. Afinal, se o beija-flor ficar somente numa flor porque gostou muito dela, e, se recusar a voar e bebericar de outras flores, quando essa flor secar ficará sem comida, e, não cumprirá seu dever com o Grande Plano de polinizar as flores e frutos não serão gerados.
Talvez o medo de deixar a flor que gostamos e conhecemos tão bem, bater as asas e voar para mais longe que tanto nos assombra seja porque é um rito solitário. No momento da morte, será somente você à atravessar essa porta, não terá como pedir conselhos, ajuda, ler um livro de auto-ajuda, nada! Profundas transformações acontecem dentro da gente, em momentos que ficamos a gente com a gente mesmo. Esses são verdadeiros ritos de passagem e, por mais que tentamos contar, compartilhar o que sentimos, não conseguimos colocar em palavras tudo que vivemos/entendemos.
Ou talvez seja o medo de se despir das crenças, máscaras e armaduras que vestimos no dia-a-dia, porque quando a morte chega, nós sabemos que só entraremos no Submundo [subconsciente] nus. Como viemos à terra, voltaremos à terra. Chegaremos como somos e não com o que temos.
Aqui olhamos para nós mesmos e deixamos morrer o que não nos serve mais. Aqui gosto de pensar no retorno de Saturno, o senhor do karma, chegando e chacoalhando meu mundo, deixando somente o que é firme e sólido, o resto desmorona.
Boa semana de transformações! Deixe morrer o que não é mais seu!
Permita-se renascer nova (o) em folha!