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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Tarot 13 - Morte



E diz a lenda que quando ela bate à porta não tem negociação, quando A MORTE chega, não adianta fingirmos que não ouvimos seu chamado, não adianta trancar a porta, dizer que não está... quando chega o momento, chega! O que nos cabe decidir é resistir à morte e sofrer ao se agarrar ao ciclo que já encerrou ou se entregar, deixar fluir e deixar morrer o que não nos cabe mais.
 Numa das minhas peregrinações vi o véu ou a sombra da foice da morte, e, claro, num primeiro momento me assustei, pensava no meu filho e como ele ficaria sem a mãe, pensava nas pessoas queridas, nos sonhos ainda não sonhados, nos planos ainda não traçados, na dor que poderia sentir, no medo do que fazer se morrer. Quando me entreguei, esperando a morte (até pensava em como seria dada a notícia para minha família, como retirariam meu corpo do alto da montanha) meu coração desapertou... meu medo dissipou e, tudo ficou leve. E, à partir desse dia, muitos dos meus medos se foram, muita sede de viver brotou em mim, a força para viver certos “impossíveis” passei a encontrar em meu ser, “enquanto não pudermos confiar-nos à morte não poderemos, na verdade, confiar-nos à vida” Sallie Nichols.
Em muitas culturas primitivas existia um rito de passagem que nos levava à conversar com a morte, isso porque sempre nos traz muitas transformações. E, a vida é recheada de mortes... afinal, morremos como bebês para virar crianças, morremos como crianças para virar adolescentes, morremos como adolescentes para entrarmos na vida adulta, afinal, não morremos o mesmos que nascemos [ufa! Ainda bem!], mudamos, evoluímos, no mínimo aprendemos! Assim é a MORTE, ela vem e nos transforma.
É o momento que acoplamos, que digerimos a ‘nova visão’ adquirida no enforcado e, não precisamos mais ficar pendurados de ponta cabeça. Que aceitamos a guinada que nossa vida tomou e, mudamos com ela. Assim como nenhum por do sol é igual ao outro, nenhum dos nossos dias é igual ao anterior.
No oriente essa figura é muito cultuada, SHIVA. Enquanto Brahma cria, Vishnu mantém, Shiva destrói... assim é a ordem natural das coisas. Então, “quando uma porta se fecha, uma janela de abre”, quando um ciclo se encerra, outro será iniciado. Cabe a nós escolher se abrir para o novo ou continuar querendo ficar pendurado pelo pé olhando as mudanças que acontecem à nossa volta. Hoje, ao sentar para escrever um beija-flor entrou em casa pela janela que eu estava sentada, me mostrando que morrer pode ser leve, mudar pode nos trazer diferentes néctar de diferentes flores. Afinal, se o beija-flor ficar somente numa flor porque gostou muito dela, e, se recusar a voar e bebericar de outras flores, quando essa flor secar ficará sem comida, e, não cumprirá seu dever com o Grande Plano de polinizar as flores e frutos não serão gerados.
Talvez o medo de deixar a flor que gostamos e conhecemos tão bem, bater as asas e voar para mais longe que tanto nos assombra seja porque é um rito solitário. No momento da morte, será somente você à atravessar essa porta, não terá como pedir conselhos, ajuda, ler um livro de auto-ajuda, nada! Profundas transformações acontecem dentro da gente, em momentos que ficamos a gente com a gente mesmo. Esses são verdadeiros ritos de passagem e, por mais que tentamos contar, compartilhar o que sentimos, não conseguimos colocar em palavras tudo que vivemos/entendemos.
Ou talvez seja o medo de se despir das crenças, máscaras e armaduras que vestimos no dia-a-dia, porque quando a morte chega, nós sabemos que só entraremos no Submundo [subconsciente] nus. Como viemos à terra, voltaremos à terra. Chegaremos como somos e não com o que temos.
Aqui olhamos para nós mesmos e deixamos morrer o que não nos serve mais. Aqui gosto de pensar no retorno de Saturno, o senhor do karma, chegando e chacoalhando meu mundo, deixando somente o que é firme e sólido, o resto desmorona.
Boa semana de transformações! Deixe morrer o que não é mais seu!
Permita-se renascer nova (o) em folha!

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