E para termos certeza da harmonia
conquistada na temperança surge a tentação, o DIABO. Essa semana conversava
sobre isso com amigos, como o ego pode deturbar os caminhos sagrados. Me
lembrei de uma amiga que critica as diversas yogas que surgiram agora aqui no
Brasil [porque não são da Índia], ou o consumo excessivo da ayahuasca.
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Marselha Deck |
Dentre muitas coisas, observar
que encarar o ego faz parte do caminho espiritual e que os muitos ditos mestres
são apenas caminhantes como todos nós e que assim como eu adentrei o caminho
espiritual e, “subi na tampinha de garrafa” me achando conhecedora de algo e, “caí
de nariz no chão” [como dizia Tania Gori em nossos estudos de tarot] e me foi
muito útil o aprendizado, para fortalecer o que sei e o que sou, tudo isso pode
ser parte do Grande Plano para um aprofundamento do caminho pessoal dos outros.
Afinal se Deus criou o fruto “do
bem e do mal”, se Deus é onipresente [está presente em tudo], logo, ele também
está presente na sombra [Lúcifer, ou Satanás]. Está presente no mal e, o criou
como parte do plano para nossa caminhada. Eis o nosso DIABO, nossa sombra,
nosso ego ... e se o negamos fica mais difícil trabalharmos rumo à luz da
iluminação. Gosto da imagem que somente quando nos iluminamos, quando ascendemos
a luz, é que vemos as sombras, enquanto caminhamos no escuro não reconhecemos a sombra. Por isso
o Diabo está numa estrutura acima das outras criaturas.
Aqui teremos força para
experienciarmos a sabedoria do caminho do meio. Após um anjo [temperança] agora
caímos de vez na matéria com o diabo, e, agora como anjos caídos, ou seja, os
anjos que decidiram sair do céu e vir para uma experiência terrena, agora
teremos o conhecimento da totalidade. E, assim, podemos voltar para o todo, ou
era esse o plano... E por isso por termos novamente essa dualidade, e, claro,
uma escolha a fazer, nos lembramos do ENAMORADOS [15 = 1+5 =6], porém, agora
não somos mais vítimas do destino, agora podemos ter consciência que só há um
assinado se houver um assassino, só há um controlador se houver um controlado e
portanto podemos escolher sairmos do papel da vítima e agir na corda bamba da
ética e moral.
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Metamorphosis Deck |
Sair do papel da vítima nos
coloca como não só o ator principal de nossas vidas, mas como o diretor, o
roteirista, o figurinista etc... fazemos nossas escolhas, ou seja, da famosa
frase das crianças que questionamos quando brigam “mas foi o outro quem começou”
nos remete á essa reflexão e, podemos ver o quanto o papel de vítima pode ser
destrutivo e, quem sabe numa estância mais ampla, gerar as guerras... e por
isso Lúcifer ou Satanás seja mais cultuado que Deus, afinal, ele quem carrega o
fardo de nos tentar em nossos erros... “não nos deixeis cair em tentação”, que,
se não estivermos rezando para Satanás, estaremos conversando com a parte
sombria de Deus.
Nos mitos esse arcanos
relaciona-se à Pan, ou Baal, o deus primitivo, à natureza animal, à nossa parte
não-civilizada e por isso tem relação com o que consideramos vergonhoso e inferior,
ou seja, assim como a figura no tarot de Marselha mostra o diabo com chifres,
asas de morcego, garras de aves, seis e falo, representando todas as partes de
nossa personalidade que formam essa figura bizarra, nos remetendo ao nosso
reflexo bizarro quando juntamos todas as nossas certezas e, claro, nossos
paradoxos.
Porém seria muito fácil resistirmos
à tentação se ela se apresentasse assim, bizarra, feia, amedrontadora. A
expressão despreocupada dos 2 seres aprisionados pela nossa sombra nos deixa
claro que não estamos incomodados e que o DIABO se apresenta de forma sedutora
à nós e por isso nos enfeitiçamos e nos deixamos encantar... nos livrarmos do
que não queremos é fácil, o problema é quando gostamos da nossa prisão e,
achamos que sem ela morreríamos.
Por isso aqui nos defrontamos com
nossos medos, com nossa não-civilidade, com nossas guerras [interiores e
exteriores], com nossa humanidade ... ou seja, aqui nos vemos imperfeitos.
Porque “perfeito somente Deus” e, no mundo material não temos perfeição.
Afinal, será que Deus [o cosmos, Grande Espírito, ou qualquer outra fonte
suprema de sabedoria] construiria a noite se o dia fosse perfeito? Ou o verão
se a primavera fosse perfeita? Como virginiana e buscadora da perfeição [o que
já me colocou em muitos conflitos internos e externos] me traz verdadeiro
alento é ver que aqui no planetinha azul vivemos em HARMONIA, que nada mais é do
que a dança das imperfeições. Quando dançamos nossas imperfeições é que podemos
experienciar o que é viver em harmonia consigo mesmo e com o Cosmos.
Que possamos entender nossa
escolha de sermos anjos caídos e aproveitar essa jornada no planetinha azul,
ficando a maior quantidade de tempo possível na harmonia!
Boa semana!
[Ah! Para quem está com problemas
no mundo da matéria – casa, dinheiro, carro, emagrecer - conversa com o DIABO, ele é quem reina nesse
mundo, ele é quem tem as chaves para vivermos em harmonia aqui ... somente
reflita se está colocando mais uma barra na sua cela ou se está retirando-a]
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