Uma semana olhando as feras e
enfrentando o ego pode nos deixar exaustos, talvez até feridos numa desatenção
em conduzir essas situações e a força do ego pode nos dar uma rasteira e lá
vamos nós para a posição do coitadinho, que não damos conta, que é uma cruz
pesada demais para se carregar.
ENFORCADO chegando, e, quando isso acontece
temos que olhar por outro ponto de vista. Por isso que essa carta é
representada por um homem de cabeça para baixo. A primeira vista parece-nos que
ele está sofrendo, ou que a carta está errada, invertida, e, é comum querermos
virá-la e colocar a figura de cabeça para cima [“como deveria estar”]... Nem
tudo fica ‘como deveria estar’ quando sentamos para conversar com nosso ego.
Se invertermos a carta e olhar
para a imagem nem parece que há sofrimento, a perna dobrada parece que ele
dança suavemente, de uma forma bem parecida com o louco ... e, será que ao
silenciar o ego, deixando a mente [cabeça] para baixo, sem ouvi-la, permitindo
olhar a vida sob um outro ângulo não nos deixaria mais leve, mais soltos, mais
livres? Ficar de cabeça para baixo simboliza deixar a mente em contato com o
sub-consciente, permitindo que o espírito guie suas escolhas, deixando o
controle de lado, dando um tempo para explorar a vida escondida dentro de si.
Como no conto João e o Pé de
Feijão, João troca a vaca de sua família, o único bem que possuem e que deveria
ser trocada por comida fora trocada por feijões mágicos [louco?! Rsss] ele sobe
no pé de feijão que crescera durante a noite deixando o mundo de matéria para
trás e lá encontra um castelo, e, para entrar precisa enfrentar o medo, o
gigante. Ele leva consigo os tesouros encontrados, a galinha que bota ovos de
ouro, a harpa que toca sozinha, uma bolsa de moedas de ouro, deixando claro que
após esse rito de passagem nada fica como estava antes, e, que agora que ele
expandiu sua visão ao permitir-se acreditar na magia dos feijões, ao subir aos
céus, enfrentando seus medos ele está pronto para usufruir de uma fonte
inesgotável de riquezas. Assim é o ENFORCADO.
Me lembro de uma das minhas
mestra me falando que ‘quanto maior o sacrifício, maior são as bênção
recebidas’, ouvi isso quando depois de ajudar no casamento de uma querida
amiga, ajudar a arrumar a festa, ajudar na festa e na limpeza do pós-festa e
mal dormir, levantei cedo no dia seguinte, deixando queridos amigos que
continuariam os divertidos papos, conduzidos ao som do tambor, mantras... lá
fui eu para a rodoviária embarcar numa viagem de 6 horas para o Rio de Janeiro
para tomar minha iniciação de professora de uma prática budista de dança-
oração.
Uma jornada inesquecível,
deixando para trás uma reunião de amigos que amava, sem muito dinheiro, sem
nunca ter ido para o RJ... e, não nego que recebi muitas bênçãos! Saí da minha
iniciação em paz, um estado de paz diferente. Eu olhava meu pequeno ser, minha
pequena personalidade e continuava com meus medos, minhas questões, meus
anseios ... mas tinha um outro ser, uma outra consciência que, ao focar minha
atenção nesse lugar dentro de mim tudo se acalmava, todas as perguntas eram
respondidas. Direcionei minha atenção para o taxista num momento que eu estava
me perguntando se ele estava me levando direto para a rodoviário ou se estava
me enrolando para ganhar mais com a viagem e, na hora percebi o estresse dele em
tentar cortar o carregado transito da cidade do Rio de Janeiro numa volta de
feriado em um dia chuvoso.
O sacrifício de ajudar em algo
que não era meu, não era do meu interesse, ou seja, fazer um bem maior, ilustra
bem a origem do termo ‘sacrifício’, sagrado, ou seja sacro ofício. Ao
sacralizar nossas escolhas, nossas ações, caminhamos rumo à uma profunda
iniciação, ampliamos nossa visão para olhar o todo e, assim realizar uma ação
que faça bem para o ambiente que está, não por ego, não por querer ouvir um
‘obrigado’, faz porque quer fazer, assim é o Prometeu.
Um Titã que compadecido com a
situação em que os humanos viviam, decide compartilhar o fogo de Zeus com eles,
permitindo que não fiquem mais tão submissos, vivendo como animais comento
carne crua e tendo que se esconder em cavernas e, assim, permitindo-lhes a
iluminação interna e externa. Zeus castiga Prometeu acorrentando-o deixando sua
águia incumbida de comer seu fígado que se refazia durante a noite, tornado seu
castigo eterno. Prometeu é representado com uma expressão serena pois ele sabia
que iria enfrentar a fúria do deus do Olimpo.
Assim seguimos a caminhada,
depois do primeiro ciclo, entendemos a roda kármica, domamos nosso
ego, nos
abrimos para uma nova forma de ver a vida, entendendo que tudo que está em cima
está 
Por hora, aproveitemos para
deixar o controle da mente de lado e ver a vida de um outro ângulo, nem que
seja virando cambalhota e se divertindo como as crianças. Subindo no pé de
feijão para usufruir da abundância infinita, sentando e contemplando a linda
canção da harpa mágica, ancorando essa ligação entre tudo que há em cima e tudo
que há embaixo.
Boa semana!
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