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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Tarot 12 - Enforcado



Uma semana olhando as feras e enfrentando o ego pode nos deixar exaustos, talvez até feridos numa desatenção em conduzir essas situações e a força do ego pode nos dar uma rasteira e lá vamos nós para a posição do coitadinho, que não damos conta, que é uma cruz pesada demais para se carregar.
ENFORCADO chegando, e, quando isso acontece temos que olhar por outro ponto de vista. Por isso que essa carta é representada por um homem de cabeça para baixo. A primeira vista parece-nos que ele está sofrendo, ou que a carta está errada, invertida, e, é comum querermos virá-la e colocar a figura de cabeça para cima [“como deveria estar”]... Nem tudo fica ‘como deveria estar’ quando sentamos para conversar com nosso ego.
Se invertermos a carta e olhar para a imagem nem parece que há sofrimento, a perna dobrada parece que ele dança suavemente, de uma forma bem parecida com o louco ... e, será que ao silenciar o ego, deixando a mente [cabeça] para baixo, sem ouvi-la, permitindo olhar a vida sob um outro ângulo não nos deixaria mais leve, mais soltos, mais livres? Ficar de cabeça para baixo simboliza deixar a mente em contato com o sub-consciente, permitindo que o espírito guie suas escolhas, deixando o controle de lado, dando um tempo para explorar a vida escondida dentro de si.
Como no conto João e o Pé de Feijão, João troca a vaca de sua família, o único bem que possuem e que deveria ser trocada por comida fora trocada por feijões mágicos [louco?! Rsss] ele sobe no pé de feijão que crescera durante a noite deixando o mundo de matéria para trás e lá encontra um castelo, e, para entrar precisa enfrentar o medo, o gigante. Ele leva consigo os tesouros encontrados, a galinha que bota ovos de ouro, a harpa que toca sozinha, uma bolsa de moedas de ouro, deixando claro que após esse rito de passagem nada fica como estava antes, e, que agora que ele expandiu sua visão ao permitir-se acreditar na magia dos feijões, ao subir aos céus, enfrentando seus medos ele está pronto para usufruir de uma fonte inesgotável de riquezas. Assim é o ENFORCADO.
Me lembro de uma das minhas mestra me falando que ‘quanto maior o sacrifício, maior são as bênção recebidas’, ouvi isso quando depois de ajudar no casamento de uma querida amiga, ajudar a arrumar a festa, ajudar na festa e na limpeza do pós-festa e mal dormir, levantei cedo no dia seguinte, deixando queridos amigos que continuariam os divertidos papos, conduzidos ao som do tambor, mantras... lá fui eu para a rodoviária embarcar numa viagem de 6 horas para o Rio de Janeiro para tomar minha iniciação de professora de uma prática budista de dança- oração.
Uma jornada inesquecível, deixando para trás uma reunião de amigos que amava, sem muito dinheiro, sem nunca ter ido para o RJ... e, não nego que recebi muitas bênçãos! Saí da minha iniciação em paz, um estado de paz diferente. Eu olhava meu pequeno ser, minha pequena personalidade e continuava com meus medos, minhas questões, meus anseios ... mas tinha um outro ser, uma outra consciência que, ao focar minha atenção nesse lugar dentro de mim tudo se acalmava, todas as perguntas eram respondidas. Direcionei minha atenção para o taxista num momento que eu estava me perguntando se ele estava me levando direto para a rodoviário ou se estava me enrolando para ganhar mais com a viagem e, na hora percebi o estresse dele em tentar cortar o carregado transito da cidade do Rio de Janeiro numa volta de feriado em um dia chuvoso.
O sacrifício de ajudar em algo que não era meu, não era do meu interesse, ou seja, fazer um bem maior, ilustra bem a origem do termo ‘sacrifício’, sagrado, ou seja sacro ofício. Ao sacralizar nossas escolhas, nossas ações, caminhamos rumo à uma profunda iniciação, ampliamos nossa visão para olhar o todo e, assim realizar uma ação que faça bem para o ambiente que está, não por ego, não por querer ouvir um ‘obrigado’, faz porque quer fazer, assim é o Prometeu.
Um Titã que compadecido com a situação em que os humanos viviam, decide compartilhar o fogo de Zeus com eles, permitindo que não fiquem mais tão submissos, vivendo como animais comento carne crua e tendo que se esconder em cavernas e, assim, permitindo-lhes a iluminação interna e externa. Zeus castiga Prometeu acorrentando-o deixando sua águia incumbida de comer seu fígado que se refazia durante a noite, tornado seu castigo eterno. Prometeu é representado com uma expressão serena pois ele sabia que iria enfrentar a fúria do deus do Olimpo.
Assim seguimos a caminhada, depois do primeiro ciclo, entendemos a roda kármica, domamos nosso
ego, nos abrimos para uma nova forma de ver a vida, entendendo que tudo que está em cima está abaixo, nos libertando das amarras que nos colocamos para dançarmos livremente, não só pela gente mas por algo maior, seguindo a guiança do espírito vamos nos preparando para a grande transformação que virá no próximo arcano.
Por hora, aproveitemos para deixar o controle da mente de lado e ver a vida de um outro ângulo, nem que seja virando cambalhota e se divertindo como as crianças. Subindo no pé de feijão para usufruir da abundância infinita, sentando e contemplando a linda canção da harpa mágica, ancorando essa ligação entre tudo que há em cima e tudo que há embaixo.
Boa semana!

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