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quarta-feira, 16 de março de 2016

Tarot 18 - LUA




Dali Deck
A noite cai e com ela chega a escuridão... eis que surge em meio às estrelas [esperança] a LUA. Regente das marés, do nosso corpo que é 70% água. Misteriosa essa luz que brilha no céu, que hora está como uma bola, ora como um fiozinho, e, às vezes não está e, por isso nos assombra.
Como confiar em algo que se mostra mais intensa à noite, e que não é sempre a mesma, essa que vemos brilhar, mas que na verdade esse brilho é emprestado do sol, e essa forte e invisível conexão com as águas (emoções)... seria como um sonho, mais intenso à noite, com uma enorme capacidade de nos trazer sentimentos, emoções e sensações não conseguimos explicar e, que nada é senão um empréstimo da realidade, uma forma do nosso consciente entender as mensagens que o subconsciente nos envia.
Ah! Misteriosa e temida LUA... talvez seja como no conto de Vasalisa, que para conseguir o fogo sagrado, a luz seja necessário entrar na floresta à noite, caminhar até a casa da bruxa para que assim, dentro do nosso subconsciente, ou seja, no submundo, nos lugares escondidos onde podemos ser nós mesmo, onde nossos instintos permanecem intactos à pressão lógica da sociedade... nesse lugar onde as sombras são assustadoras é que possamos vê-la sem que a claridade nos chame a atenção para as cores variadas e, assim, sentarmos com nossas sombras, ouvir seus ensinamentos. Afinal, a ‘casa já caiu’ na TORRE, já apelamos para a ESTRELA cadente um último suspiro... aqui só nos resta aprender com o caranguejo que vive na terra e na água esse caminho do meio.
Entender a flexibilidade da LUA que não permanece estática com uma única forma, ou como a água que pode tomar qualquer forma sem ter uma forma. Como nossa alma, que hoje toma essa forma mas não é esse corpo físico.
E, por isso aqui nos deparamos novamente com os ciclos de nascimento-maturidade-morte, por isso no tarot mitológico essa carta é representada com uma deusa com 3 faces. O que é muito fácil para as mulheres quando falamos do ciclo menstrual (que também é chamado de LUA na América Latina). É um período que se prepara para gerar, nutrindo o útero com sangue fresco. Essa estrutura atinge seu auge no período fértil, quando há um excesso de secreção, hormônios mil sendo liberados, indicando a maturação do útero, ou seja, está pronto para conceber vida... eis que não há óvulo fecundado e o sangue se vai, algumas mulheres sentem dor, se pudessem ficariam deitadas, curtindo o luto que seu útero vive. Encerra-se esse ciclo e, novamente o útero ficará vazio, pronto para recomeçar a se encher de sangue. Esse mistério do nosso corpo nos liga automaticamente
à nossa mãe, avó materna, e todas as mulheres do mundo... num ritual que se repete por muitas vezes em nossa vida e nos une em cumplicidade às dores das cólicas, ao derramamento de sangue que temos que nos deparar e, claro, nos fortalece para encarar nossas mortes com a força contida em nosso ventre.
Por isso é uma carta que nos remete às raízes, à ancestralidade... à Hécate, guardiã do Submundo, deusa da purificação e expiação, tem como poder conceder ou negar pedidos aos humanos. O que ela determina é lei, inclusive para seu pai, Zeus, o deus dos deuses. Hécate nos traz o poder multifacetado dos Céus, Terra e do Submundo e por isso, todas as certezas (céu, sol, lógica) ficam incertas recebendo pelo menos mais 2 possibilidades. Diante de tantos movimentos, de tantas possibilidades o melhor é ir dormir e sonhar! Aproveitar o vasto campo do tudo é possível que o mundo dos sonhos nos oferece.
Aqui, nosso LOUCO se deixa levar por suas emoções e se limpa com suas lágrimas seja pelas dores da Torre seja pela escuridão da noite, ou seja por motivo nenhum, simplesmente a vontade de chorar e lavar a alma. Aqui não temos mais passado, destroçado pelo raio divino, nos restando seguir em rumo ao futuro. Diz a lenda que quando percebemos que não somos nada além de um grande vazio é
quando nos conectamos ao Cosmos, deixando nossa pequena personalidade morrer... somente assim poderemos chegar na luz do sol interior.
1+8 é um 9, o Eremita... fazendo menção à sabedoria já adquirida. Aqui nenhuma muleta será o bastante para nos mostrar o caminho para atravessar essa noite, somente o que está em nossos corações poderá nos guiar. Como todo rito de passagem, é um momento solitário que talvez poucos consigam te entender. Mas, diferente do Eremita que se isola para conseguir se encontrar, na LUA ficamos à paisana durante o dia e à noite damos vazão à o que nosso ser mais necessita.

Que Hécate lhe conduza na travessia desse portal!

Que nas profundezas do seu ser, você tenha um lindo e protegido encontro com sua intuição!

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