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quarta-feira, 2 de março de 2016

Tarot 16 - Torre

E sincronicamente março chega e, muitos astrólogos já começam a falar da virada de ano astrológico, saindo de um ano regido por Marte caminhando para um ano regido pelo Sol, nós adentramos na TORRE, uma carta regida por Marte, mas que nos trazem muitas reflexões sobre esse ano de luz... talvez sinalizando o momento de deixar os egos para trás, adentrando as profundas transformações de si, deixando o raio de Zeus [rei dos reis] e portanto o raio da iluminação adentrar sua morada [torre] queimando os padrões que não lhe são mais enriquecedores.
Apesar de trazer uma imagem trágica de 2 pessoas caindo de uma construção [TORRE] e, como diz o dito popular “não há talho sem dor”, a transformação que esse arcano nos remete é dolorido, mas libertador... como se a estrutura rígida da torre nos confinasse num mundinho muito restrito, como no conto de Rapunzel onde  jovem vivia aprisionada na TORRE e, todo o mundo que ela conhecia era sua torre, assim é nosso sistema de crença, nossas verdades absolutas, nossos dogmas, padrões, regras, enfim... prisões mentais que nos colocamos e, que ao adentrar no DIABO e nos vermos imperfeitos [olhando nossa sombra, acolhendo-a] olhando nossos instintos de animal, aguçando nossa percepção, podemos romper com essa estrutura rígida que nos oprime.
Porém, para conseguir se libertar da TORRE, Rapunzel teve seus cabelos cortados, demonstrando o corte que temos que fazer no ego. E, assim, olhar a amplitude do mundo e que, trazendo à consciência que a adorável mãe que a criara na verdade é a madrasta que lhe roubara de sua família... como diz Clarissa Estés, para que a mulher cresça a mãe-boa-demais tem que morrer, afinal, se ficarmos na segurança do mundinho conhecido [TORRE] não saberemos como é pisar na grama, ou no rio, entrar na cachoeira, passear no shopping, e tantas outras coisas que não temos dentro da torre. O útero quentinho e escurinho pode ser um local seguro, mas é chegada a hora de nascer e, por isso temos que atravessar o rito de passagem das contrações, até atravessarmos o pequeno buraco, a luz no fim do túnel para enxergarmos o céu azul, as nuvens brancas, a grama verde, o abraço acolhedor, o olhar amoroso ...
Na primeira estância podemos pensar que as contrações são ruins, um castigo dos deuses, mas se nos entregarmos e deixarmos nascer perceberemos que na verdade fomos agraciados.
No conto de Rapunzel, o príncipe ao ser derrubado pela madrasta caí num monte de plantas espinhosas e fica cego, representando que não podemos mais depender das âncoras externas mas sim olhar para dentro de si cultivando as capacidades psíquicas superiores (intuição). Nesses tempos de crise e, com certeza de profundas transformações que estamos passando é fundamental deixarmos nossas muletas (inclusive as muletas espirituais) e centrarmos num desenvolvimento interno e verdadeiro como muitas profecias já nos alertaram na época do famoso 2012... provavelmente quando as trombetas do apocalipse soarem não lhe perguntarão qual é a sua igreja, ou quantas vezes você tomou ayahuasca ou outras vivências que faz uso, ou quantas iniciações tomou, ou quantas fogueiras ascendeu. Na verdade, acho que nenhuma pergunta será feita... possivelmente os cavaleiros do apocalipse somente nos olharão nos fundo de nossos olhos e perceberão nosso medo ou nossa entrega.
Numa de peregrinações tive a oportunidade de sentir os raios de uma tempestade bem de perto, no alto da montanha, numa caminhada que avistamos o mar do alto da serra, a chuva chegou mais cedo do que o “normal”... e lá do alto da montanha, no meio das brumas úmidas da nuvem de chuva que clareava tudo ao meu redor me entreguei nos braços da morte [claro, depois de um período de contrações onde o meu medo me colocava num verdadeiro inferno]. Esse rito de passagem me colocou num profundo silencio que só foi rompido após o jantar e, contar sobre isso só me foi possível após meses, tamanha é a força transformadora que senti naquele momento, tamanha a força que fiz para silenciar meu ego que insistia em gritar querendo ser maior ou mais importante do que aquela força da criação que se apresentava diante de mim... ah! E que força da criação!
“a ideia do raio como poder da dor de vida encontra eco nessa gravura do Taro, onde a torre concreta, como a casca externa dura de uma no, está sendo quebrada e aberta para libertar as duas ‘sementes’ internas vivas, que parecem cair na direção do solo. Elas, ali, presumivelmente, deitarão raízes e
começarão nova vida” SallieNichols
Hoje, analisando por esse ângulo, deixei minha auto-importância, minhas certezas tão estruturadas de uma virginiana, e me entreguei não nos braços da morte, mas nos braços da criação. Naquela viagem entreguei muitas coisas importantes de mim [e para mim], afinal, o novo só entra se tiver lugar para ele entrar.
Se o diabo lhe deixou preso no mundo de matéria, ou na torre de concreto que atualmente chamamos de prédios ... ouça seus instintos tão presentes no Diabo para derrubar essa torre, afinal toda vacina é feita com o vírus, todo remédio usa o veneno em seu princípio ativo, basta termos a sabedoria da dosagem correta.

Que a sua torre possa espalhar muitas sementes de criatividade!


Boa semana!

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