E sincronicamente março chega e,
muitos astrólogos já começam a falar da virada de ano astrológico, saindo de um
ano regido por Marte caminhando para um ano regido pelo Sol, nós adentramos na
TORRE, uma carta regida por Marte, mas que nos trazem muitas reflexões sobre
esse ano de luz... talvez sinalizando o momento de deixar os egos para trás,
adentrando as profundas transformações de si, deixando o raio de Zeus [rei dos
reis] e portanto o raio da iluminação adentrar sua morada [torre] queimando os
padrões que não lhe são mais enriquecedores.
Apesar de trazer uma imagem
trágica de 2 pessoas caindo de uma construção [TORRE] e, como diz o dito
popular “não há talho sem dor”, a transformação que esse arcano nos remete é
dolorido, mas libertador... como se a estrutura rígida da torre nos confinasse
num mundinho muito restrito, como no conto de Rapunzel onde jovem vivia aprisionada na TORRE e, todo o
mundo que ela conhecia era sua torre, assim é nosso sistema de crença, nossas
verdades absolutas, nossos dogmas, padrões, regras, enfim... prisões mentais
que nos colocamos e, que ao adentrar no DIABO e nos vermos imperfeitos [olhando
nossa sombra, acolhendo-a] olhando nossos instintos de animal, aguçando nossa
percepção, podemos romper com essa estrutura rígida que nos oprime.
Porém, para conseguir se libertar
da TORRE, Rapunzel teve seus cabelos cortados, demonstrando o corte que temos
que fazer no ego. E, assim, olhar a amplitude do mundo e que, trazendo à
consciência que a adorável mãe que a criara na verdade é a madrasta que lhe
roubara de sua família... como diz Clarissa Estés, para que a mulher cresça a mãe-boa-demais
tem que morrer, afinal, se ficarmos na segurança do mundinho conhecido [TORRE]
não saberemos como é pisar na grama, ou no rio, entrar na cachoeira, passear no
shopping, e tantas outras coisas que não temos dentro da torre. O útero
quentinho e escurinho pode ser um local seguro, mas é chegada a hora de nascer
e, por isso temos que atravessar o rito de passagem das contrações, até
atravessarmos o pequeno buraco, a luz no fim do túnel para enxergarmos o céu
azul, as nuvens brancas, a grama verde, o abraço acolhedor, o olhar amoroso ...
Na primeira estância podemos
pensar que as contrações são ruins, um castigo dos deuses, mas se nos
entregarmos e deixarmos nascer perceberemos que na verdade fomos agraciados.
No conto de Rapunzel, o príncipe
ao ser derrubado pela madrasta caí num monte de plantas espinhosas e fica cego,
representando que não podemos mais depender das âncoras externas mas sim olhar
para dentro de si cultivando as capacidades psíquicas superiores (intuição).
Nesses tempos de crise e, com certeza de profundas transformações que estamos
passando é fundamental deixarmos nossas muletas (inclusive as muletas
espirituais) e centrarmos num desenvolvimento interno e verdadeiro como muitas
profecias já nos alertaram na época do famoso 2012... provavelmente quando as
trombetas do apocalipse soarem não lhe perguntarão qual é a sua igreja, ou
quantas vezes você tomou ayahuasca ou outras vivências que faz uso, ou quantas
iniciações tomou, ou quantas fogueiras ascendeu. Na verdade, acho que nenhuma pergunta
será feita... possivelmente os cavaleiros do apocalipse somente nos olharão nos
fundo de nossos olhos e perceberão nosso medo ou nossa entrega.
Numa de peregrinações tive a
oportunidade de sentir os raios de uma tempestade bem de perto, no alto da
montanha, numa caminhada que avistamos o mar do alto da serra, a chuva chegou
mais cedo do que o “normal”... e lá do alto da montanha, no meio das brumas
úmidas da nuvem de chuva que clareava tudo ao meu redor me entreguei nos braços
da morte [claro, depois de um período de contrações onde o meu medo me colocava
num verdadeiro inferno]. Esse rito de passagem me colocou num profundo silencio
que só foi rompido após o jantar e, contar sobre isso só me foi possível após
meses, tamanha é a força transformadora que senti naquele momento, tamanha a
força que fiz para silenciar meu ego que insistia em gritar querendo ser maior
ou mais importante do que aquela força da criação que se apresentava diante de
mim... ah! E que força da criação!
“a ideia do raio como poder da
dor de vida encontra eco nessa gravura do Taro, onde a torre concreta, como a
casca externa dura de uma no, está sendo quebrada e aberta para libertar as
duas ‘sementes’ internas vivas, que parecem cair na direção do solo. Elas, ali,
presumivelmente, deitarão raízes e
começarão nova vida” SallieNichols
Hoje, analisando por esse ângulo,
deixei minha auto-importância, minhas certezas tão estruturadas de uma
virginiana, e me entreguei não nos braços da morte, mas nos braços da criação.
Naquela viagem entreguei muitas coisas importantes de mim [e para mim], afinal,
o novo só entra se tiver lugar para ele entrar.
Se o diabo lhe deixou preso no
mundo de matéria, ou na torre de concreto que atualmente chamamos de prédios
... ouça seus instintos tão presentes no Diabo para derrubar essa torre, afinal
toda vacina é feita com o vírus, todo remédio usa o veneno em seu princípio
ativo, basta termos a sabedoria da dosagem correta.
Que a sua torre possa espalhar
muitas sementes de criatividade!
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